quarta-feira, 14 de novembro de 2007
Certinências
Semântica
E qdo perco a chave?
Aumento o vocabulário.
terça-feira, 13 de novembro de 2007
e o vento levou
A vida Clara da maternidade
As aventuras de Azur e Asmar

A rampa - Serge Daney - cahiers du cinéma 1970-1982

A rampa: temos aqui o pensamento enviezado (e atávico) de Serge Daney, numa propulsão magnífica tela adentro. Juntando seus melhores textos sobre cinema publicados nos famosos Cahiers du Cinéma, ajustados num período específico (1970-1982) e pensados sobre o tapete do estruturalismo francês.
"Assim herdávamos a aporia que vem daí. Porque aquilo que permite a esse olhar dirigir-se - a tela - torna-se objeto impossível. Ao mesmo tempo, esconderijo e janela, abertura e hímen. Invisível, torna visível; visto, torna invisível."
Está a venda na 2001 mais próxima de você. Para os cinéfilos, os críticos e um mais ainda da coletividade.
segunda-feira, 12 de novembro de 2007
Gotan Project - Lunático
sexta-feira, 9 de novembro de 2007
Codinomes
http://www.youtube.com/watch?v=3jey-OmaKUM
** Meninas, a Vanessa Mae deixa a Vanessa Hudgens (HSM) no chinelo em todos os quesitos necessários a um bom ídolo: linda, talentosa e carismática !!! Quando eu crescer eu quero ser ela :)
Grupo Galpão ..

Lindo, lindo, lindo, lindo, lindo. Se eu fizesse teatro, eu queria fazer o que eles fazem. Lúdico, itinerante, poético ... os mineiros cavam na própria terra um jeito muito deles de fazer arte. Neste cd, duas peças. Em Romeu e Julieta, o grupo editou as músicas mais bacanas das nossas serestras antigas, adaptando-as ao texto de Shakespeare. Delicado e surpreendentemente brasileiro. Em A Rua da Amargura, um olho no aspecto mambembe das procissões católicas, adaptado na paixão de cristo mais genuína da nossa terra.
quinta-feira, 8 de novembro de 2007
O que você escutou aí dentro?
http://www.youtube.com/watch?v=RtZCVCw337U
Música signo do pai: Chopin - Fantasie Impromptu
http://www.youtube.com/watch?v=f9wYk0bQJbo
Música signo da filha: Corpse Bride
http://www.youtube.com/watch?v=s7A7ZFf9zjs
Glenn Gould
A Barriga do Arquiteto: Meta Greenaway

O personagem começa engolido no seu sintoma: obcecado por sua própria barriga, a narrativa vai se produzindo durante os nove meses de gestação – da exposição, do filho e da doença. É assim que o filme apropria-se da idéia de tempo para amparar todo seu desenrolar conceitual. Dividindo-se em 7 etapas, o roteiro inscreve na película a própria história da arquitetura visionária de Roma – sujeito protagonista parindo novas estéticas, incluso o filme, portanto, meta-arte, num paralelo claro entre cinema e arquitetura. Gosto de pensar também na estrutura-metrônomo desse filme, em três paradigmas: A imortalidade, o estado voyeur a que o ser humano é submetido na fração de vida que lhe é concedida e em como a escolha da neurose configura sua condição de signo.
"A imortalidade é possível graças à arte e as criações humanas?" Esta parece ser a pergunta que o cineasta elegeu. Portanto, a questão da imortalidade trabalha no câncer de intestino desse personagem. E também em toda a cadeia significante que pode ser construída ao longo do filme.
Primeiro, os desenhos de Boulée são significantes claros das formas arredondadas da mulher. São úteros, muitas vezes gravídeos, que aparecem nas imagens de seus desenhos. Em muitas cenas do filme as formas arquitetônicas arredondadas dos monumentos de Roma são retomadas em simetria com os seus desenhos. Há também convites claros para significados óbvios: torres, pirâmides e outros símbolos fálicos atravessando em pano de fundo. O filme começa, aliás, dentro de um típico símbolo fálico: um trem. Um trem adentrando Roma. Dentro da cabine, o casal protagonista está transando e uma imensa janela de vidro tem as cortinas abertas (referência à pulsão escópica de novo). Esta é a primeira cena do filme. É a cena geradora. Aliás é a cena em que eles geram o filho.
Num registro intencional do desenvolvimento de sua obsessão, passa a relatar, a inscrever (não é esse o desejo do artista?) no corpo da história (representada por Boulée) sua própria história. Este contato paranóico delirante (cartas a um ídolo morto) aplaca sua angústia de mortalidade. Tudo no filme acontece em espaços amplos, abertos, numa contraposição interessante com o espaço comprimido da barriga. Condenados na dialética. Temos um homem aprisionado no próprio narcisismo e na própria impotência – qual maior castração humana senão a morte? Nada para este personagem é cognoscível. Nada resta. Para não perder o filho/inscrição que cresce no ventre da mulher é que ele decide pelo suicídio. Garante sua continuidade metafísica na sucessão espiritual – e natural - do filho que chega. Que nasce no momento de inauguração da exposição. Signo dado a ver. Ele, sombra desnorteada que perambulou sendo destituído de recursos a história inteira, constrói a sua do alto do parapeito de um monumento. Retira do paletó objetos pessoais e deposita-os no muro a sua frente. É assim que ele circunscreve-se na imortalidade da construção arquitetônica: tornando-se uma. Seu happening: da própria barriga para o mundo, eis a cena dupla desse momento! Seu movimento psíquico é o mesmo. Incapacidade metafórica pura, este homem precisa reter seus símbolos no corpo físico. Inverte isso na cena final: momento em que ele - mais uma vez numa elucidação escópica - se coloca acima a olhar para baixo, lançando-se para trás (ou pra frente?) num suicídio reparador.
Memórias Inventadas - A infância, por Manoel de Barros
Saudades do meu avô.
Solas de Vento
terça-feira, 6 de novembro de 2007
To Christ it

Ao lado, uma polaroid de uma série que fiz com um amigo em 1998, de barracas de camelô espalhadas no centro da cidade de São Paulo. As barracas são embrulhadas em lona azul diariamente para que fiquem protegidas durante a noite. A série elabora um enunciado significante (a barraca azul como obra) que dialoga com o manifesto artístico de Christo, numa brincadeira poética. A periferia do discurso visual não remete a nada, é horizontal. Mas é no ruído gerado pelas imagens e na livre associação que a gramática de um sentido é adquirida.
** Em Paris, virada de 1999/2000, Christo fez embrulhos lilases, transparentes, nas árvores ao longo da av Champs Élysées ... andávamos e imagens de filmes eram projetadas nessas árvores, entidades a devir. E deslizávamos como dentro de um cristal. Deslumbrante. Interessante: um dia antes do Reveillon do século, um tufão devastou boa parte de Paris. E os véus lilases de Christo acabaram sudários no chão. A natureza também faz narrativas!
Jan Saudek e a escritura do absurdo

Melancólico, porque opta por um risco dissonante ao usar ecoline sobre as fotos, numa referência nostálgica ao que vamos pintando sobre nosso desamparo original. Irônico, porque ao compor suas partituras visuais, ele brinca com o grotesco sob a forma do belo.
Tcheco, Jan Saudeck passou anos trabalhando numa fábrica , driblando a pobreza e o sistema político de seu país ao fotografar amigos, vizinhos, especialmente mulheres gordas, homens bizarros e crianças, todos nus. É como se ele retirasse as imagens do inconsciente, mas num contato muito elaborado com as fantasias: diferente dos surrealistas.
Ecolinizando sua própria nudez, o artista se vestiu.
E que magnifíco guarda-roupa nos foi dado a ver.
** a Tashen lançou recentemente uma edição especial incrível, enorme, com uma coletânia primorosa das melhores fotos. Infelismente custa 290 reais na Fnac. Mas custa 54 dólares na Amazon. Se alguém se habilitar ... me avise.
Caixa de Pandora

é um pequenino olho grande
que acende a luz daquela estrela
e aquela estrela é a mais distante
Não tenha medo vovó, não tenha medo mamãe,
há muito tempo que eu não via assim ...
tá lá no livro tintin por tintin
pirlimpimpim ..."
Genteeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeee ...
alguém aí se lembra disso?
** ah, a Som Livre lançou o divertido Plunct Plact Zuumm com o ambulante Raul Seixas. Pegue carona nessa cauda de cometa lá na
Livraria da Vila ...
Lavoura Arcaica: um chão de tangerinas incendiadas

Baseado na obra homônima de Raduan Nassar, Lavoura Arcaica é uma consagração lírica da condição humana em forma de tragédia. O retorno do filho pródigo que, por ironia (ou desgraça), põe `as avessas a casa do pai. Em cena, temos André, o filho desgarrado, resgatado pelo irmão mais velho e reconduzido ao seio da família. É um retorno espiralado de fluxos e refluxos a esparramar em palavras a essência do proibido. É aqui que Pedro é atirado sem dó na factualidade do desejo, lançado na memória de um que foi tragado pela escolha de afeto da Mãe e acabou consumido no amor incestuoso pela Irmã.
Um filme que captura o espectador para uma avassaladora viagem poética, cuja passagem se compra logo na primeira cena - metáfora íngreme dessa história: a expressão dolorosa de André, numa busca desenfreada do si mesmo, desintegrando-se no ato da masturbação. Na penumbra do quarto de pensão, incidências de luz casam-se com sons de um trem trespassando a cena, foco e desfoco andando pelas partes fragmentadas do seu corpo. É luz e sombra, angústia e prazer, num passeio do olhar (o nosso) pela pele difusa de André.
É deste momento que eclode toda a memória do filme: entrave erótico, lírico, mítico e porque não um comentário sobre a função da palavra incindindo sobre um mundo ainda sem nome e por isso mesmo tão potente – porque irrestrito -.
Inscrições fundantes do mundo das imagens (mãe) e do mundo das palavras (pai), temos um fluxo da subjetividade em claro escuro numa fotografia que acompanha as expressões pulsionais do personagem, sendo ora essa claridade da infância ora a sombra obscura do seu adolescer, num jogral que entumece a vista do espectador não só em pura sensação estética, mas em identificações coladas nessas manchas animadas do desejo.
Assim, para além da origem árabe e mediterrânea desta família (que insere um sentido de cores terra cota, musicalidade hipnótica e um comentário sobre a linhagem religiosa do pai), esta lavoura é arcaica porque é um antes que trata do mito original de toda humanidade.
São essas supressões de limite - interdito do incesto -, numa cúmplice concessão aos desejos humanos, alargada em argumentos de liberdade, alegria e sensualidade que enlaçam o enredo do filme. É a brandura muda de Ana, sua trapaça. É a travessia da sua imagem mítica em toda sua potência dual que emerge da terra 'dominando a todos com seu violento ímpeto de vida' . Não importa muito sua morte pelas mãos do pai na cena final. Ela permanece.
Blue II

Engraçado: blue também é triste...
Sin-signo ?
Nem Freud, nem Lacan: Yves, viva !
Blue I

Nada emudece o tempo como um vôo de paraglyder ... e a vista atravessada de azul. É como orgasmo, mas tchannnn: dura mais hehe. Por isso é melhor escolher dias claros como os da primavera. O céu é azulíssimo e os ventos, geralmente favoráveis.
Para dias chuvosos como o de hoje vale um chocolate bem forte e ... se não tiver namorado para caminhadas sensoriais inusitadas por lençóis bem brancos então lance mão de uma boa câmera fotográfica ... dias cinzentos e aguados favorecem fotografias bemmm bonitas. Através de janelas, principalmente.
Mi casa, su casa
