quinta-feira, 31 de maio de 2007

descoberta II

Marimari, linda flor da manhã, obrigada por descobrir este Eduardo Galeano. É por essas e outras que sabemos que a vida não vai cair para além do chão florido.

"As coisas caem dos meus bolsos e da minha memória: perco chaves, canetas, dinheiro, documentos, nomes, caras, palavras... Eu ando de perda em perda, perco o que encontro, não encontro o que busco, e sinto medo de que numa dessas distrações acabe deixando a vida cair."

blue moon: hoje, da janela mais próxima de vc


5:55 charlotte gainsburg : lindo!


atender ou não atender, eis a questão

Todos os meus amigos sabem, eu adoro tecnologias de comunicação. Sou fã do mundo binário desde que ele me foi apresentado. Mas todos eles também sabem que sou uma pessoa rebelde quando a questão é privacidade e liberdade. Portanto, minha relação com os aparelhos portáteis como telefones, ipods, palms é ambígua. Eu gosto de imaginar que eu mando neles, e não o contrário. Acho horroroso isso de ter que estar 24 horas disponível através de um número. Também acho um saco ter que personalizar tudo, numerar músicas, ter 56 avatares diferentes e construir auto-imagens portáteis o tempo todo. E se trancar neste casulo narcísico. Ou num vácuo onipotente como o second life (que seduz muito).
Vamos lá gente! O que tem de errado com a boa e velha vitrola tocando a mesma música pra casa inteira? Porque minha filha de 6 anos tem que ter um desejado mp3 player pra ouvir suas músicas sozinha quando a casa pode compartilhar isso com ela? E os celulares? Você não pode mais se dar ao luxo (e que luxo primário não?) de desligar-se do mundo porque o mundo inteiro te acha em qualquer lugar. Se alguém quer falar com vc, vc não tem o direito de denegar!!! É falta de educação. Desculpe, acho que a menininha que mora em mim faz birra com esse tipo de estatuto contemporâneo do plug and play. No fundo é a mesma Alesi de carne e osso que não gosta muito de dispositivos mágicos - eu sempre achei a disneylância muito chata: prefiro um copo de vinho.
Ps: na contramão disso tudo, confesso que adquiri um blackberry incrível. Se eu estiver na floresta amazônica eu baixo e mando meus emails por um pacote acessível de 80 reais por mês. YES !!! Mas é um viciozinho pequeno. Continuo achando celulares uma antipatia.

que tipo de fada você é?


quarta-feira, 30 de maio de 2007

Dez Chamamentos ao amigo - Hilda Hilst

"Se te pareço noturna e imperfeita
Olha-me de novo. Porque esta noite
Olhei-me a mim, como se tu me olhasses.
E era como se a água
Desejasse

Escapar de sua casa que é o rio
E deslizando apenas, nem tocar a margem.

Te olhei. E há tanto tempo
Entendo que sou terra. Há tanto tempo
Espero
Que o teu corpo de água mais fraterno
Se estenda sobre o meu. Pastor e nauta

Olha-me de novo. Com menos altivez.
E mais atento.

[Poesia: 1959-1979 - São Paulo: Quíron; (Brasília): INL, 1980.]
Nenhuma outra poeta me abduziu como ela.

As Bicicletas de Belleville

Eu olho esta imagem ao lado e tenho vontade de ficar apenas quieta. Assim são todas as imagens desse delicado filme sobre a vida como ela é. Não a toa, é um filme quase mudo. E com uma trilha sonora desbundante.
A história, recheada de humor e bizarras estravagâncias, é um tributo `a resistência. Ufa, há esperança para outras formas de fazer cinema. Penso nesta animação como um metafilme. Um núcleo que destrincha embates conceituais mesmo, a começar pelo próprio nome, belleville-hollywood. Se você prestar atenção verá inúmeros trocadilhos ao longo das cenas.
Fora isso, diverte pelo inusitado, pelas propostas originalíssimas (e as trigêmeas assumindo as rãs sem o menor constrangimento?). Vale cada minuto da sua atenção. Eu comprei.
Um filme de Sylvain Chomet
Música de Ben Charest França - Canadá - Bélgica
Indicado para dois Oscars em 2004: Melhor Desenho Animado (perdeu para Procurando Nemo) e Melhor Canção — Belleville Rendez-vous (perdeu para a canção de O Senhor dos Anéis)
Selecionado para o Festival de Cannes (2003)

terça-feira, 29 de maio de 2007

vale a pena ouvir de novo

Se você tem entre 30 e 40 anos, então abra os ouvidos para os remix da década de 70 da Som Livre: com lançamentos que vão de Vila Sésamo a Sitio do Pica Pau Amarelo, você terá a chance de reviver canções emocionantes da sua infância.

"Todo dia é dia
Toda hora é hora
De saber que esse mundo é seu
Se você for amigo e companheiro
Com alegria e imaginação
Vivendo e sorrindo
Criando e rindo
Será muito feliz
E todos serão também..."

Vá lá, você será muito feliz:
www. submarino.com.br

domingo, 27 de maio de 2007

2 pênnes ao sugo

Intervalo de evento psicanalítico, pausa para almoço:
suas habilidades semânticas invadem o seu cardápio.

olha o passarinho !!!


Como É que Chama o Nome Disso - Antologia

Não é novidade que o processo de migração entre suportes midiáticos (verbo-visual-sonoro) atravessou séculos de história, em exercícios de contaminações e reciclagens. No contexto da literatura contemporânea, vale observar por onde andam as fraturas da linguagem poética.
Em "Como é que chama o nome disso", Arnaldo Antunes compõe um trânsito interessante que dilui e ao mesmo tempo agrega sintomas ontológicos da escritura (e da leitura), lançando o leitor numa fruição entre olhar, ouvir e estar no mundo.
Fora que é uma delícia mesmoooo passear de mãos dadas com o jeito Antunes de viajar.
"As coisas têm peso, massa, volume, tamanho, tempo, forma, cor, posição, textura, duração, densidade, cheiro, valor, consistência, profundidade, contorno, temperatura, função, aparência, preço, destino, idade, sentido. As coisas não têm paz."

Irreversivel

Um casal lindo (ela é linda, ele é francês) briga em uma festa classe B e esta mulher é estuprada na volta para casa. O filme refaz este dia na vida do casal (e de um ex-marido) de trás pra frente.
Eu aluguei este dvd 4 vezes antes de achar coragem para assistir. A contra-capa assustava. De fato, espere um momento certeiro para vê-lo, pois você será tragado por um bicho. Reserve a primeira meia hora com o estômago vazio e a mente protegida: as cenas são fortes e provocam sensações físicas desagradáveis.
Passado o susto, o que temos é um filme impressionante. Pelo tema, pela ousadia e pela forma.
De cara, ficamos colados a uma câmera que invade as cenas, rompendo as intimidades de um submundo que, por princípio, não nos pertence, mas que por ironia, encontra eco em todos nós. Não há cortes durante os blocos, o diretor traz um timing real para cada uma deles, o que provoca reações.
O tema evoca a sexualidade nas suas trajetórias mais rodrigueanas e suas emanações ficam presentes em todas as ações do filme, que são conjecturas explosivas dessa essência no feminino e no masculino. O que mostra, brilhantemente, o quanto a vida é impregnada de entropias irreversíveis. Ah! Dá medo.
(Sim, Freud as vezes explica)
PS: preste atenção na linguagem visual dos letterings do começo do filme. Algumas letras são desenhadas ao contrário. Bela sacada.

A noiva cadáver

Tim Burton filmou uma história linda. Tema down, visual meticulosamente inglês, um roteiro que faz paródia com o suspense e a surpresa: uma obra sobre o amor, sobre a antropomorfia do amor e da morte.
Além de ter uma direção de arte primorosa, o filme foi todo rodado em stop motion - o que significa filmar quadro a quadro cada um dos movimentos expressivos dos personagens.
Inacreditavelmente perfeito. Impressiona e emociona!

*** Ela é a noiva mais charmosa e esta
uma das cenas românticas mais inesquecíveis do cinema
http://www.youtube.com/watch?v=s7A7ZFf9zjs

Em nome do TIM, do espírito, santo, amém !!!

O Castelo Animado

Hayao Miyazaki, ganhador do Oscar pelo longa "A Viagem de Chihiro" vem a nocaute no segundo round, "O Castelo Animado".
Com uma estética deslumbrante e uma narrativa cheia de sutilezas, "O Castelo" convoca o espectador para além das projeções no mundo de fantasia (demasiadamente humano) que Miyazaki cria.
Uma história que desafia os parâmetros dos contos de fada – e de toda a previsível pirotecnia disney/pixar-, desenrolando-se numa polifonia simbólica que destitui-se do maniqueismo típico das histórias infantis. Um filme para crianças que todo adulto deveria ver.