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terça-feira, 19 de maio de 2009
sexta-feira, 15 de maio de 2009
quinta-feira, 14 de maio de 2009
quarta-feira, 6 de maio de 2009
terça-feira, 5 de maio de 2009
Letra Negra
Essa dor é permanência
escurecendo o corpo
no Tempo.
Carne negra, suores,
o acontecer pródigo da matéria.
Lepra-letra-negra
Minha garganta laboriosa é
claustro de gozo.
Por Isso te digo:
É no inexorável que sou.
Para que no sublime sortilégio da voz,
o fervor conheça quentura.
Berço bendito da poeta
Lepra-letra-negra
Essa sua cor é azul.
(para Lu)
escurecendo o corpo
no Tempo.
Carne negra, suores,
o acontecer pródigo da matéria.
Lepra-letra-negra
Minha garganta laboriosa é
claustro de gozo.
Por Isso te digo:
É no inexorável que sou.
Para que no sublime sortilégio da voz,
o fervor conheça quentura.
Berço bendito da poeta
Lepra-letra-negra
Essa sua cor é azul.
(para Lu)
Lambe-Lambe
Posso dizer do limbo,
que é espesso e antigo.
Limbo lambe-lambe
nas paredes do corpo
desabitado.
Tantas palavras para o Nada.
Para este lugar limbo-nada
que atravessa inaudito
os minutos desavisados
Posso dizer do limbo,
que é obediente e perpétuo.
Limbo lambe-lambe
nas paredes do corpo
amado.
O Nada ladra em mim
voluptuosamente
dia e noite
exigindo palavras:
humildade, coragem,
amor.
que é espesso e antigo.
Limbo lambe-lambe
nas paredes do corpo
desabitado.
Tantas palavras para o Nada.
Para este lugar limbo-nada
que atravessa inaudito
os minutos desavisados
Posso dizer do limbo,
que é obediente e perpétuo.
Limbo lambe-lambe
nas paredes do corpo
amado.
O Nada ladra em mim
voluptuosamente
dia e noite
exigindo palavras:
humildade, coragem,
amor.
A vida como ela é
Memória é forro de linho
num chão de madeira.
Lareira acesa em sopro de deuses,
na espera surda d'uns amantes.
Que podem ser de qualquer
tipo, crê ?
num chão de madeira.
Lareira acesa em sopro de deuses,
na espera surda d'uns amantes.
Que podem ser de qualquer
tipo, crê ?
Nome próprio
Meu pai me queria Renata, e foi o único desejo de nome que ouvi dele, cisma de liberdade - desde que corintiana. Meu avô me queria Marília, mas tinha que ter Gabriela, rima de inteligência. Esses nomes todos, gosto de descascá-los feito criança interpelando a fruta: de Renata, nata, que está no leite - quentura, manhã e silêncio. De Marília, mar e ilha, - vastidão e limite, solilóquio poético para existir. E Gabriela, porcelana, nunca-vou-casar, morreu. Mais forte foi minha mãe, que numa lírica de muitos anos, escorregou seu nome dentro do meu, marcando na raiz as asas que não tenho.
Jazz
Dentro é assim
"Eu sei, quem ama muito é escravo.
Mas não obedece nunca de verdade."
(Guimarães Rosa, in não sei onde)
Corpo
Quando posso, salvo muitos dedos de prosa em mim.
Pra não deixar de amineirar o corpo na terra mais terra do meu dentro.
Com pinga.
La bruja
“ Te penso.
E já não és o pensado.
És tu e mais alguém
No informe, nos guardados
Alguém
E tu mesmo sem nome, imaginado.
Te penso
Como quem quer pintar o pensamento
Colorir os muros do passado
De umas ramas finas, mergulhadas
Num luxo de tinturas
Te penso novo e vasto.
E velho
Igual a fome que tenho das funduras.”
(Hilda Hilst em Cantares)
segunda-feira, 4 de maio de 2009
Exercício de lembrar
Lembrar um espaço, num tempo, é assim:
Um frasco de pigmento fazendo ruído entre o pincél e a tela,
tinha o cheiro do azul, mesmo quando caía no chão.
Uma vitrola arriscando em falso acordes do Satie,
dispunha da única possibilidade da nota.
E significava.
Um Hopper, pra mim, sempre foi sem nenhuma esperança.
Mas eu amava.
As memórias do Manoel são inventadas.
As minhas não permitem verbos na mesma conjunção.
Eu sou desgarrada.
21
Mas João, teu corpo é uma memória falsa.
Feito uma sombra imolada na minha escuridão.
E esse teu corpo santo cravando certezas na nossa irmandade
faz cores, ah, esse pano quente nos teus olhos ...
Que adormeceram tão cedo em mim.
Manga Rosa
A manga você gosta
a rosa róseo gosto
da boca na manga
Brincar,
Descascar risadas,
Salinas quentes
E na têmpora da fruta virgem
Surrupiar o
vestido rosa,
Criança
Infância
8 anos
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